Brazilian Landscapes

No cenário musical brasileiro do século XX, dois nomes são referências fundamentais: Heitor Villa-Lobos e Tom Jobim. Poderíamos dizer que o primeiro é no campo erudito, e o segundo, no popular, mas isso seria aprisioná-los em definições que, no fundo, não dão conta da diversidade de seus trabalhos (e com a qual ambos provavelmente não concordariam). Villa-Lobos, afinal, bebeu na música folclórica como inspiração, da mesma forma que Tom Jobim extraiu de Debussy, assim como de Villa-Lobos, inovações na linguagem da música popular brasileira. É desse diálogo que fala o disco, não apenas com obras de Villa (como uma seleção dos Choros) e de Jobim (Pingue-pongue), mas de outros autores que evidenciam como, nas palavras de Paulo Bellinati, temos na música brasileira, uma via de mão dupla que foi gerando uma terceira: Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Antonio Ribeiro e o próprio Daniel Murray, cuja inspiração como autor se alia a um trabalho de intérprete que faz dele um dos mais importantes violonistas de sua geração, ao lado de parceiras sensíveis: a percussionista Marilyn Mazur e a flautista Michala Petri.