Maria Herz: Concertos & Orchestral Works

A compositora Maria Herz (1878-1950) enfrentou diversos desafios: duas guerras mundiais, a perda precoce do marido, que a deixou sozinha com quatro filhos, o antissemitismo – e, claro, um mundo musical que reservava às mulheres espaço apenas como intérpretes e não como autoras. Não é de se estranhar, portanto, que, em vida, ela tenha publicado apenas duas obras: um conjunto de cinco canções e um arranjo para quarteto de cordas da Chacona, de Bach. Em meados dos anos 1990, no entanto, um de seus netos resolveu mergulhar nos arquivos da avó, guardados com a família nos Estados Unidos. Foi então que dezenas de peças começaram a ganhar vida, sendo transportadas para a Biblioteca Central de Zurique. O repertório do disco agora lançado dá uma ideia da variedade da criação de Herz. Com a maestra Christiane Silber, que tem pesquisado o trabalho da compositora alemã, a Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin interpreta os concertos para orquestra e violino e violoncelo, além de uma seleção de peças orquestrais. Ainda que cada obra revele identidade própria, elas ajudam a contextualizar em uma linguagem pós-romântica fascinante o trabalho de Herz como uma autora desperta às transformações musicais do final do século XIX, atenta em especial ao expressionismo.

Maria Herz, née Bing, was born in Cologne in 1878. By the 1920s, she had become recognised as a dynamic element of the contemporary music scene. New music’s ‘chief theoretician’, Theodor W. Adorno, became interested in her works and their style, which was rooted in late Romanticism and aimed at Modernism by way of Expressionism, New Objectivity and Neo-Baroque, all the while retaining its playful, charming air. She was close to a veritable Who’s Who of contemporary musicians, including the Budapest String Quartet, Gregor Piatigorsky, Emanuel Feuermann, Hermann Abendroth, Otto Klemperer and Hans Rosbaud. During her lifetime only five songs (1910) and a transcription of Bach’s Chaconne for string quartet (1927) were published, but the manuscripts of her 30 orchestral works, solo concertos, chamber music works and art songs have survived. The Nazis seized her family’s assets and forced Maria Herz to emigrate, first to England and then, after the war, to the United States, where she lived with her children. She died in New York in 1950.