Mozart: Haffner-Akademie

A saída de Mozart de Salzburg em direção a Viena, em 1781, não foi apenas uma mudança de endereço. O compositor trocava um emprego na corte pela liberdade que a vida vienense lhe permitia, assumindo uma nova postura perante a criação. Não por acaso, em seus últimos dez anos, até a morte, em 1791, ele produziu algumas de suas obras mais importantes. A começar pela Sinfonia Haffner, que inaugura uma nova força na escrita sinfônica e é interpretada aqui com surpreendente verve pelos músicos especialistas do Ensemble Resonanz, dirigido por Riccardo Minasi. A obra estreou em 1783 e, no mesmo concerto, Mozart inclui um conjunto de árias da ópera Idomeneo (1782), entre elas, Se il padre perdei. Pudera, pois a ópera, nessa década final da vida de Mozart, será exemplo bem-acabado da maturidade por ele alcançada. E isso fica particularmente evidente na interpretação de Anna Prohaska: além das peças de Idomeneo, ela registra trechos de O rapto do serralho, La clemenza di Tito e de As bodas de Fígaro, parceria com Lorenzo da Ponte que colocaria a dupla como central na história do gênero. São interpretações tão vivas que se tem a sensação de testemunhar a história da música acontecendo durante a audição.

In this superb programme structured around major pieces composed in the last ten years of Mozart’s life, Anna Prohaska and Riccardo Minasi sweep away the image of the well-mannered figure that tradition has tended to impose. They paint a bracingly complex portrait of the Salzburger after his move to Vienna, subtly blending the maestro’s historical expertise with the vigour and freshness of Resonanz, here in electrifying form.