Francisco Mignone: Fantasias Brasileiras Nos. 1-4

Francisco Mignone escreveu suas quatro Fantasias brasileiras para piano e orquestra entre 1929 e 1936. Ele acabara de voltar da Europa e estava sob forte influência das ideias de Mario de Andrade, buscando a construção de uma música nacional que mergulhasse nas fontes populares. Dentro desse contexto, porém, as obras revelam caráter distinto, como o pianista Fabio Martino explicou à Revista CONCERTO em 2023, quando gravou as obras com a Osesp e o maestro Giancarlo Guerrero. “Se eu tivesse que descrever as fantasias em poucas palavras, algo difícil para uma música tão rica, diria que a primeira é bastante vigorosa, com destaque para a linda cadência do piano; a segunda é de uma doçura especial, com diálogos evidentes entre piano e violino spalla; a terceira se caracteriza por ritmos fortes e penetrantes; e a quarta é de um saudosismo brasileiro marcante. E, em todas, identificamos ritmos bem sincopados, uma marca na música de Mignone”. Martino mostra-se, com brilho e sensibilidade, intérprete de exceção das obras, acompanhado pela regência de Guerrero, na qual transparece não apenas a compreensão da música de Mignone, mas também a relação próxima e de parceria que desenvolveu com os músicos da Osesp. Mais um grande disco da coleção Música do Brasil do selo Naxos.

Francisco Mignone became a leading figure in the Brazilian music scene after his return in 1929 following lengthy studies in Europe. His four Fantasias Brasileiras for piano and orchestra are part of his nationalist phase, with the first in the cycle initiated by soloist Joo de Souza Lima, who asked Mignone for a work with Brazilian flavour. These works share a festive and exuberant style to which the composer would return in his Burlesca e Toccata, which requires acrobatic virtuosity from the soloist in music that surprises by juxtaposing atonality with popular themes.