Dvorak

Durante um bom tempo na história da música, difundiu-se a crença de que a sonoridade do violoncelo seria incapaz de fazer frente à massa sonora de uma grande orquestra sinfônica. Talvez por isso não existam tantos concertos para o instrumento quanto para piano ou violino, por exemplo. E isso significa, para os intérpretes dedicados ao grande repertório, a necessidade de voltar sempre a um mesmo grupo de obras, com o desafio, então, de encontrar novas ideias e um novo discurso musical a cada interpretação. É o que faz a violoncelista Alisa Weilerstein nesta nova versão do Concerto para violoncelo op. 104 de Dvorák, que ela acaba de gravar com a Orquestra Filarmônica Tcheca regida por Jirí Belohlávek. Sua interpretação chama atenção pelos andamentos mais rápidos e pela mistura de energia e lirismo, fundamental em uma peça construída sobre contrastes. Como bônus, a violoncelista oferece leituras mais intimistas de peças escritas para violoncelo e piano, com destaque especial para a lírica Silent Woods, em que Dvorák evoca a paisagem rural de sua terra.