A Linguagem Musical de Oneyda Alvarenga

"Recebi sua carta e achei graça nas aperturas em que está pra fazer sua tese. Malvadamente já imaginava essas aperturas, porque o assunto não só é vastíssimo mas complicadíssimo. Mas sossegue, por tudo isso mesmo é que não poderia exigir de você um esgotamento do assunto. Insisti porém nele porque o que me interessa não é que você faça desde já um livro fabuloso que eleve a cultura do país, mas sim que estude um assunto necessário a qualquer musicista e que a organização dos nossos conservatórios esquece por completo. Nem me interessa, francamente, que você tire o prêmio das teses, embora eu tenha a esperança disso pelo que reconheço de inteligência e seriedade em você. O que me interessa é que você estude esse assunto, e não apenas o estude diletantemente, como sempre é ler livros e ir divagando ao léu das leituras, mas estude pra escrever sobre, o que obriga à sistematização do estudo. Trabalhe pois, embora seja ferozmente. Trabalhe, estude ferozmente, que isso é mesmo o único sossego completo nesta vida." Carta datada de 22 de junho de 1933 na qual Oneyda Alvarenga, então aluna do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, recebe incentivo de Mário de Andrade para escrever A linguagem musical.