A Fugitiva – Ensaios sobre música

Filósofo e pianista, Lorenzo Mammì define logo no prefácio a relação com a música. “A música não é um objeto, algo que se possa segurar entre as mãos, manter diante dos olhos; tampouco é um conceito que se possa revirar no pensamento. Música e linguagem não se bicam – invejam-se, quando muito. Há dificuldades objetivas, às vezes insuperáveis, sempre que se aborda a música com as armas do pensamento. Ela não se deixa encarar: é um assunto que, em sua essência, escapa.” Não que seguir em seu encalço seja tarefa inútil. Pelo contrário. Nessa constante busca pela música e por seus sentidos, está em jogo nossa própria capacidade de estabelecer uma relação com a obra de arte, mediando conhecimento e experiência com grandes obras. E é isso que ele faz, com um texto claro, límpido, em A fugitiva: ensaios sobre música. O livro está dividido em duas partes. Na primeira, ele se dedica à música popular, com textos sobre Dorival Caymmi, João Gilberto, Chico Buarque e outros artistas; na segunda, à música de concerto de autores como Debussy, Wagner, Mozart e Villa-Lobos. A separação serve apenas como forma de organização do material, porque o efeito da leitura, em ambos os casos, é o mesmo: a certeza de que a busca da música é um dos mais fascinantes exercícios que existe.