Bacchanale: Saint-Saëns Et La Méditerranée

O fascínio por outras culturas é uma das marcas da música do final do século XIX, presente na obra de uma série de autores que buscaram inspiração fora da Europa. Foi assim com o francês Camille Saint-Saëns – e o novo álbum da orquestra Divertimento, sob o comando de sua diretora artística Zahia Ziouani, se debruça justamente sobre esse aspecto de sua obra. E o faz de maneira profundamente original. Não se trata apenas de tocar criações do autor, mas de recuperar a proposta de diálogo entre culturas na interpretação. Daí que, em peças como La jota aragonesa, Suíte algérienne ou Tarantelle, a sinfônica se une ao Ensemble Amedyez, especialista na música do norte da África e do Mediterrâneo. É como se a cultura dessa região respondesse de volta a Saint-Saëns, ampliando o diálogo entre culturas diferentes mas que, por meio da música, se aproximam em um painel de sonoridades ricas e fascinantes. Particularmente interessantes são também as obras do compositor Francisco Salvador-Daniel que fecham o disco, como Chanson Mauresque de Tunis. O autor, contemporâneo de Saint-Saëns, nasceu na França em uma família do sul da Espanha e pesquisou com afinco a música africana. Difícil pensar em um encerramento mais pertinente para uma gravação muito original.

Passionate about travel, Saint-Saëns was strongly influenced by the cultural diversity he encountered in North Africa.

As one immersed in these twin cultures herself, Zahia Ziouani is able to shed new light on the composer’s travel-inspired works by reflecting them through the prism of traditional Algerian music, ranging from Ahmed El Alaoui to Idir, and performed in the company of Rachid Brahim- Djelloul.

A fascinating musical dialogue.