Em sua passagem pelo Brasil no ano passado, o maestro Jordi Savall falou sobre seu fascínio pela obra de Beethoven e a decisão de registrar suas sinfonias. “Quando entendemos a música como uma forma de diálogo e um ato em direção à paz”, explicou ele, “Beethoven é uma referência incontornável” – e essa percepção do fazer musical é uma constante na carreira de Savall e na escolha original de repertório que sempre realizou. Na entrevista, ele também comentou sobre a Missa Solene, que acabara de gravar com seus dois grupos, Le Concert des Nations e La Capella Nacional de Catalunya. A obra é contemporânea da Sinfonia nº 9 e Savall vê nela uma aproximação com Prometeu, o deus grego que roubou o fogo e o entregou à humanidade. É disso que se trata a obra, um olhar para Deus e, ao mesmo tempo, uma defesa da autonomia do ser humano. Talvez venha daí a força e a energia da interpretação, que aposta nos contrastes da partitura de modo quase vertiginoso – sem jamais abrir mão do senso de estilo, na orquestra ou no canto. Dizer que Savall produziu uma gravação de referência é quase uma redundância – mas perante interpretações como essa, as palavras ficam pálidas.

Following the huge success of the Symphonies boxsets, and considering Jordi Savall's expertise in sacred music it was invevitable that he should record the Missa Solemnis ! As in his previous Beethoven, Schubert and Mendelssohn recordings, the Catalan maestro delivers a recording freed from the weight of past traditions to underline the dynamics, the section balance and the timbres that are required in this repertoire. He ignites the Promethean fire as imagined by Beethoven's demiurgic mind..

Beethoven’s Missa solemnis is the one work the composer admired above all his compositions. It was written for his great patron and friend Archduke Rudolf of Austria at around the same time that he embarked on his Ninth Symphony and as the writer Donald Tovey noted, ‘there is no choral and no orchestral writing, earlier or later, that shows a more thrilling sense of the individual colour of every chord.’ This insightful documentary follows Frieder Bernius on a journey of discovery as he immerses himself in Beethoven’s monumental masterpiece in preparation for a recording.