Couperin: Tic, Toc, Choc

No amplo espectro de repertório que interessa ao pianista francês Alexandre Tharaud, a música barroca, em particular a francesa, possui lugar especial. Nesse universo, sua relação com a obra de François Couperin é particularmente notável. Como já afirmou um crítico da revista Gramophone, o pianista “tem a sensibilidade de entender e recriar um mundo sonoro que não tira a importância da às vezes exagerada ornamentação e nem reveste de caráter grandioso uma música que pode ser delicada e frágil”. Em 2007, ele lançou este álbum dedicado ao autor, agora relançado pela Harmonia Mundi. São, em sua maioria, peças curtas, mas que em sua brevidade encapsulam todo um mundo. Como Les ombres errantes, em que a sutileza da interpretação é tocante, ou Passacaille, em que a escolha de andamentos permite que a obra vibre em toda a sua modernidade. Ao unir todas as obras está um conceito que o próprio Tharaud explica: ele tomou como ponto de partida Tic, Toc, Choc, que estava acostumado a tocar com bis em seus recitais, e construiu um repertório que fosse o “mais brincalhão e pianístico” de Couperin. Em outras palavras, que revelasse a inteligência e o humor de sua escrita, assim como as inovações que propôs, elementos que Tharaud sabe evidenciar em leituras de referência desse repertório.

Following a benchmark Rameau album, Alexandre Tharaud continued his exploration of French Baroque music with a programme focusing on the idea of play: “Taking Le Tic-Toc-Choc, a colourful piece I often use as an encore, as the centrepiece, I gathered together Couperin’s most ‘pianistic’ pieces, concentrating on the playful aspect of some of them.”

This sensitive, inspired interpretation has in its turn become a landmark in the catalogue.

Reissue from 2007