César Guerra-Peixe: A Retirada da Laguna

Desde que chegou ao Brasil para dirigir a Filarmônica de Goiás, em 2014, o maestro britânico Neil Thomson deixou claro seu interesse em conhecer a música brasileira. Não era só discurso. Com o grupo, ele embarcou em projetos importantíssimos, como a gravação da integral sinfônica de Claudio Santoro. Mas não só. Desde o início, elegeu César Guerra-Peixe como um dos focos de seu trabalho com a filarmônica – e, nesse ano em que maestro e músicos celebram uma década de parceria, nada mais significativo que o lançamento do disco em que eles registram três obras marcantes do autor. A retirada da laguna é inspirada no livro em que o Visconde de Taunay narra um episódio trágico da Guerra do Paraguai, do qual participou: a retirada das tropas brasileiras, durante a qual muitos soldados foram mortos, após uma incursão desastrada em território paraguaio. Já o Concertino para violino e orquestra de câmara, que tem como solista Abner Landim, spalla da Filarmônica, é uma homenagem à estética do Movimento Armorial. E Museu da Inconfidência, uma partitura criada a partir das sensações despertadas por uma visita ao Museu da Inconfidência de Ouro Preto. Em comum, as obras têm a ligação com o período nacionalista do autor – e a sua capacidade de pintar quadros sonoros que exploram a riqueza expressiva da orquestra, o que Thomson e seus músicos compreendem muito bem.

César Guerra-Peixe is one of the leading composers associated with musical nationalism in Brazil. A Retirada da Laguna is a programmatic suite that describes one of the most dramatic moments in the Paraguayan War of 1864–70, while his Concertino is a clever hybrid between folk music timbres and sophisticated high art ambitions. Museu da Inconfidência is one of the composer’s most admired works, taking us through a museum of 18th-century rebellion and heroism. Guerra-Peixe’s Symphonic Suites Nos. 1 and 2 can be heard on Naxos 8.573925, acclaimed by ClassicsToday.com as ‘absolutely world-class’.