Cupido é louco

Em 2008, o maestro Ricardo Bernardes encontrou na Biblioteca do Congresso de Washington, nos Estados Unidos, um volume com vinte modinhas do fim do século XVIII com texto do brasileiro Domingos Caldas Barbosa e música do português Jerônimo Francisco de Lima. Quinze anos depois, elas ganham gravação capitaneada por Guilherme de Camargo, que optou por se aproximar das obras de maneira bastante pessoal. Como ele explica no encarte, procurou uma abordagem não convencional, fazendo uso de influências da música popular, regional e também do rock, abrindo, ainda, espaço para o improviso. O resultado é empolgante pelo olhar diferenciado, pelas vozes de Ludmilla Thompson e Fernanda Ribeiro, pelo trabalho de Camargo com cordas dedilhadas e pela participação inventiva de Luca Raele no clarinete. O texto do encarte traz, além dos textos das canções, um longo, interessante e esclarecedor ensaio sobre as peças, em que Bernardes narra não apenas a descoberta das partituras, como as contextualiza com o conhecimento de alguém que tem feito da pesquisa histórica de repertório uma faceta fundamental de seu trabalho.

“Cupido é louco” reúne 17 das 19 modinhas presentes em volume encadernado que integra uma coleção de manuscritos musicais portugueses adquiridos pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos no início do século XX. O material foi encontrado pelo musicólogo curitibano Ricardo Bernardes em 2008, dando origem ao álbum gravado na YB Music, em São Paulo.

As obras do carioca Domingos Caldas Barbosa em parceria com o português Jerónimo Francisco de Lima foram compostas entre 1790 e 1800. São modinhas para o passeio de senhoras portuguesas no campo, voltadas ao entretenimento, e retratam uma época e seus costumes. As faixas ganharam arranjos de Guilherme de Camargo.