Czerny: Nocturnes, Opp. 368, 537 & 604

Para os alunos de piano, o nome de Carl Czerny soa bastante familiar, afinal, como pedagogo, ele criou métodos e práticas de ensino influentes até hoje. Para os amantes de Beethoven, seu nome é uma referência importante – próximo do compositor, foi ele que estreou algumas de suas principais obras para piano. E, ainda, para quem se interessa pelas linhagens artísticas que atravessam gerações, há o fato não menos importante de que ele foi professor de piano de ninguém menos que Franz Liszt. Nessa lista, faltou apenas um detalhe: seu trabalho como compositor. E é a ele que a pianista Roberte Mamou se dedica em seu novo disco. A pianista francesa gravou, há alguns anos, a integral das sonatas para piano de Mozart, em um registro que a imprensa internacional colocou como referência, ao lado dos feitos por nomes como Claudio Arrau e Maria João Pires, por exemplo. O motivo? A forma como ela consegue entrar nas obras e revelá-las por meio de um fazer musical altamente sensível e poético. As mesmas características se fazem presentes aqui – e são particularmente bem-vindas nos Noturnos, peças às quais Czerny deu um caráter intimista e sensível.

Czerny is remembered as Beethoven's favoured interpreter of his own piano works and is well known as List's teacher, but it is for his pedagogic works, still in use to this day, that he continues to enjoy renown. The Nocturnes offer a less familiar view of Czerny. These sensitively shaped, small-scale Biedermeier compositions offered domestic households the opportunity to savour their sense of delicacy and enigmatic mood changes. The Op. 604 set is rather more robust than Op. 368, which is exquisitely sensitive, but equally convincing in characterisation and scope.