Levanon – Martin – Poulenc – Shostakovich

Há um contexto a ser considerado no que diz respeito ao disco do MultiPiano Ensemble, conjunto israelense que reúne pianistas em diferentes formações, ao lado da Royal Philharmonic Orchestra e do maestro Dmitry Yablonsky. No começo do século XX, como explicam no encarte do álbum, em especial após a Primeira Guerra Mundial, o interesse renovado pela música barroca levou autores a criarem peças que dialogassem com o período e formatos como o concerto grosso. Foi assim que surgiram obras como a Petite symphonie concertante de Frank Martin, carregada de dramaticidade influenciada pela Segunda Guerra Mundial, e o Concerto para dois pianos de Poulenc, homenagem a Mozart. Ou, ainda, o Concertino para dois pianos de Shostakovich, que carrega uma dualidade entre passagens mais brilhantes e outras de expressividade tocante. Por causa disso, pode-se dizer que, para além do aspecto puramente musical, há outro olhar histórico possível sobre o álbum, que evoca episódios e contextos do século XX, em especial em uma obra como Land of Four Languages, do compositor judeu Yaacov Levanon, nascido na Ucrânia, formado na Inglaterra e cuja atuação se deu na Palestina e em Israel, onde teve papel decisivo na criação de projetos de formação musical para crianças.

Concertante orchestral works for more than one keyboard instrument saw a revival after the First World War with the neo-Baroque trends of the time helping to revitalise the neglected concerto grosso genre. Recorded here in a new version with three pianos, Martin’s Petite symphonie concertante reflects the dark tensions of the Second World War, while Poulenc’s delightful Concerto for Two Pianos is infused with the spirit of Mozart in its rich and eclectic stylistic tapestry. Shostakovich’s Concertino, in a new orchestral version, shifts between superficial Soviet entertainment and heartfelt expressiveness, and the songs quoted in Aryeh Levanon’s Land of Four Languages symbolise a hope for peace and harmony in Israel.