Louise Farrenc: Symphonies Nos. 2 & 3

A trajetória de Louise Farrenc é símbolo da dificuldade que as mulheres encontravam para se afirmar no mundo musical do século XIX. Pianista, ela foi a primeira mulher a ocupar uma vaga de professora no Conservatório de Paris. Sua obra como compositora, no entanto, foi relegada a segundo plano: em um campo dominado pela figura masculina, suas peças para piano, de câmara ou sinfônicas não foram editadas em vida. Duas delas, no entanto, receberam dos Solistes Européens Luxembourg (grupo que reúne músicos de diversas orquestras da Europa) e do maestro Christoph König leitura inspirada. As Sinfonias nº 2 e nº 3, datadas dos anos 1840, não são apenas bem escritas. De certa forma, evocam as tendências da época. A primeira delas é uma homenagem a Mozart e ao universo do classicismo, passando também por Beethoven e a evocação da Sinfonia pastoral. Já a Sinfonia nº 3, com o passado assimilado, sugere um olhar para o futuro, colocando Louise Farrenc ao lado de autores como Schumann e Mendelssohn na busca por novas formas de escrita musical. Uma descoberta fascinante de uma personalidade que merece ser revista.