Música: Entre O Audível E O Visível

O livro da professora Yara Borges Caznok, do Instituto de Artes da Unesp, parte de um pressuposto: a união da audição com a visão é um fato corriqueiro, com obras que exigem do espectador uma "totalidade perceptiva", como instalações, performances e eventos multimídias que implicam, além da visão e da audição, a participação dos outros sentidos no processo de fruição. Essa realidade, no entanto, se está presente de forma clara na mente do criador, nem sempre é desenvolvida pelos intérpretes e pelo público. A eles, normalmente, obras como essas acabam desconstruídas, com cada sentido atento a um só aspecto em vez de colaborar em função de uma compreensão global ou, como diz a autora, "indivisível". É em defesa dessa forma de percepção que seu livro trabalha. Para tanto, ela retoma aspectos e discussões históricas, investigando possibilidades de relação entre sons e cores, sons e espaço, sons e imagens. Dedica-se, então, a analisar as teorias da unidade dos sentidos, focando nos elos entre as artes plásticas e a música. Ao retomar o conceito de sinestesia, estabelece, na terceira parte do livro, uma análise da obra do compositor húngaro György Ligeti e de algumas de suas principais ideias, como a busca por uma aproximação cada vez maior com o público não especializado e a proposta de uma "audição multissensorial".