Richard Strauss: Don Quixote & Dvorak: Symphony 8

Entre 1896 e 1897, o compositor alemão Richard Strauss colocou-se um desafio: escrever uma obra musical inspirada no livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Em uma partitura rica em imagens musicais, atribuiu ao primeiro violoncelo o papel do Cavaleiro da Triste Figura, enquanto a viola representaria seu fiel escudeiro, Sancho Pança. A escrita do compositor para o violoncelo, no entanto, era tão rica e especial que a obra se tornou uma espécie de concerto para orquestra e o instrumento, presente no repertório dos maiores violoncelistas da história desde a composição. Não foi diferente com Yo-Yo Ma, sinônimo do instrumento em nossa época, dono de um toque carregado de lirismo claro, transparente – características que tornam evidente o mundo de sonhos em que vive Dom Quixote nessa interpretação, gravada ao vivo no ano passado, em Munique, com Mariss Jansons regendo a Orquestra da Rádio da Baviera. O regente comanda ainda Carnaval – abertura de concerto e a Sinfonia nº 8 de Dvorák, menos conhecida do que a nº 9, mas, ainda assim, fascinante, em especial na leitura de um maestro que já inseriu seu nome de modo definitivo na lista de grandes lendas da regência nos séculos XX e XXI.