Saint-Saëns: Dances and Ballet Music

O compositor Camille Saint-Saëns ocupa um lugar curioso na história da música francesa. Um de seus biógrafos refere-se a uma vida dividida em duas. Nos primeiros 35 anos de carreira, símbolo da vanguarda; nos últimos 35 anos, do conservadorismo combatido pela geração de Claude Debussy. O próprio compositor dizia: “Sou o primeiro entre os compositores de segunda classe”. Pura blague. Muitas de suas obras permanecem vivas no repertório, representantes de um movimento de renovação da música francesa. E este disco da Residentie Orkest The Hague com o maestro Jun Märkl mostra uma faceta fascinante de sua composição: música para teatro. Há, entre elas, obras mais e outras menos conhecidas. No primeiro grupo estão Bacanal da ópera Sansão e Dalila, partitura repleta de cores e ritmos evocados com brilho febril pela orquestra e o maestro, e Airs de ballet, música incidental da peça Parysatis. No segundo, duas grandes revelações: a música solene para a peça Henrique VIII e o balé da ópera Étienne Marcel, inspirada na história do comerciante que, durante a Guerra dos Cem Anos, enfrentou a monarquia francesa – trata-se de porta de entrada para uma pouco conhecida incursão do compositor no gênero operística.

This album presents a selection of Saint-Saëns’ incidental music and music from his operas. From Samson et Dalila – the only one of Saint-Saëns’ operas to remain in the repertory – we hear two memorable and adrenalin-fuelled dances including the famous Bacchanale. Henry VIII drew from the composer music of regal solemnity with plenty of colourful scoring, praised by Gounod. The lukewarm reception to Étienne Marcel came as a bitter disappointment to Saint-Saëns but the customary ballet includes a strong element of delightful 14th-century pastiche. The incidental music to the play Parysatis received tumultuous acclaim at its premiere in 1902 and includes the delightful Airs de ballet flecked by the use of crotales (antique finger-cymbals).