Schubert: Piano Sonatas

A obra para piano de Franz Schubert é um dos marcos da história da música. Parece exagerado, mas as dezenas de registros que dela existem atestam não apenas a qualidade da escrita para o instrumento, mas o rico universo de sensações que ela é capaz de evocar. Em meio a tantas gravações, as do veterano Alain Planès, responsável por um registro de referência da obra de Debussy, exigiriam por si só lugar de destaque. Mas há algo de particularmente especial nesta coletânea de sonatas reunidas em um disco duplo. Na maneira como combina as peças, Planès torna ainda mais evidente a enorme gama de coloridos e estados de espírito que o compositor injetou nas partituras. O primeiro CD, por exemplo, começa com a Sonata nº 5, exemplo de intimismo e do que um autor já chamou de "música noturna" de Schubert; assim como a Sonata nº 16, que encerra o disco. Entre elas, por sua vez, há a excitação e jovialidade da Sonata nº 11. No segundo CD, algo parecido acontece. A Sonata nº 13, já comparada à Sonata Appassionata, de Beethoven, vem primeiro, seguida da energia e fascínio da Fantasia Wanderer e, retornando a um tom mais meditativo, da Sonata nº 17. É como cada sonata se transformasse um movimento de uma obra ainda mais ampla - reflexo da rica personalidade musical de Schubert.