Sueye Park: Echoes of Exile

A inteligência na escolha do repertório, com recortes temáticos que iluminam as obras tocadas, é tão grande quanto a proeza técnica da violinista Sueye Park. Aos 25 anos, ela tem recebido elogios da crítica internacional em suas apresentações ao lado de grandes orquestras ou em recitais solos e, neste novo disco, o motivo se evidencia. O eixo temático gira em torno da obra de compositores exilados. Dois deles deixaram suas pátrias por razões artísticas – o romeno George Enescu e o belga Eugène Ysaÿe – e encontraram em Paris terreno fértil para seus trabalhos. Park toca, deles, Ménétrier, do ciclo Impressões de infância, e Malinconia, das Seis sonatas para violino nº 2 op. 27. Entre as duas peças, estão três autores forçados ao exílio. De Bartók, ela interpreta a Sonata para violino, escrita em 1944 nos Estados Unidos, para onde se mudou durante a Segunda Guerra Mundial; de Ben-Haim, que nasceu na Alemanha, mas se mudou para a Palestina após a chegada do nacional-socialismo ao poder, a Sonata op. 44; e, de Bernd Alois Zimmermann, a Sonata para violino solo. As obras de Bartók e Ben-Haim se aproximam ao fazerem do folclore o ponto de partida da construção das partituras. Já a Sonata de Zimmermann, escrita após o fim da guerra, olha para o futuro e parece nos perguntar: para onde ir? A sensibilidade de Sueye Park nos ajuda a encontrar a resposta.

Sueye Park is no stranger to solo violin recitals. After her recording of the Paganini Caprices (BIS2282) and a recital entitled Journey through a Century (BIS2492), both critically acclaimed, she brings us another solo project, Echoes of Exile, an undertaking that finds its raison dtre in todays very turbulent times. Park offers us different perspectives on the topic of exile with works composed between the 1920s and 1950s, by great composers who left their country as a result of political circumstances as well as by others who went into their own inner exile. Two pieces by composers who left their native lands for artistic reasons, Enescu and Ysae, frame three substantial and very contrasting works by composers forced into exile, either because their existence was threatened or because of a feeling of alienation within their respective countries. The works of Bartk and Ben-Haim show composers who, in their longing for their homelands, succeeded not only in emphasising the value of their culture even more strongly, but also in anchoring it within the environment into which they had entered. Zimmermanns sonata, with its unique expressive language, evokes the concerns of a young composer in the devastated Germany of the post-war period.