Urlicht: Songs of Death and Resurrection

O álbum Urlicht propõe um conceito específico e estimulante. No fim do século XIX, defendem o barítono Samuel Hasselhorn e o maestro Lukasz Borowicz, peças escritas para voz e orquestra deram ao gênero uma nova identidade, tornando difícil definir os limites entre canção e ópera. Assim, ambos os intérpretes criaram uma seleção de obras que não apenas se aproxima do ponto de vista da escrita musical, mas também, e talvez principalmente, no que diz respeito à forma como evoca o espírito de uma época fascinante da história da música, a passagem do século XIX para o século XX. Estão presentes canções de autores como Pfitzner, Zemlinsky, Braunfels e árias de Humperdinck, Korngold e Alban Berg. Como um eixo informal, canções de Mahler perpassam o álbum. Primeiro, com Revelge, marcha de morte que evoca a guerra; em seguida, Um Mitternacht, sobre a batalha de um poeta contra a escuridão. Vem então Urlicht, canto de esperança e luz em meio ao caos. O disco se encerra com Ich bin der Welt abhanden gekommen, com a ideia de distanciamento de um mundo que se transforma rápido demais: a síntese da poética mahleriana e de toda uma época.

At the turn of the nineteenth and twentieth centuries, the lied increasingly took on orchestral garb. The boundary with opera became almost impalpable. That is what Samuel Hasselhorn and Lukasz Borowicz demonstrate here, in a splendid programme mingling smiles and disillusionment, where some of the most characteristic orchestral lieder and operatic arias of this Austro-German ‘fin de siècle’ era blend perfectly together.